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Será que o mundo ficou surdo?

18-09-2015 18:39

Será que o mundo ficou surdo? 
 

Vou dando conta que o mundo parece que se fechou ou ficou surdo de vez. Não escuta o outro, e quando escuta é de forma agressiva ou de indiferença. Acredito que a situação do país faz com que as pessoas se fechem dentro do seu próprio umbigo esquecendo o mundo a seu redor. Que o stress, os problemas económicos, políticos, religiosos, sociais e até mesmo a questão do desemprego sejam razões mais que viáveis para deixarmos de escutar o outro. 
Mas pergunto se escutar o outro não faz parte da convivência social? Escutar ou ser escutado não é um passo para que alguns problemas fiquem pequeninos? Não digo que desapareçam, mas ajuda ás vezes esquecer para que um sorriso na nossa cara surja. Já dizem os especialistas que sorrir proporciona qualidade de vida. 
 
Escutar é mais do que ouvir. Implica uma atitude de assimilar a mensagem de forma profunda que permita a todos compreenderem o seu significado. 
Escutar é essencial para que a relação de comunicação com outro seja estabelecida. Se alguém se dirige a nós devemos nos esforçar para compreender o sentido da mensagem; se somos nós que nos dirigimos a alguém, temos de ter a certeza que a mensagem transmitida é compreendida pelo outro. 
 
Existem alguns princípios que permitem melhorar a capacidade de escutar:
1. Concentrar-se no que é dito;
2. Saber deixar falar;
3. Colocar-se em empatia com o outro;
4. Reagir às ideias expressas e não à própria pessoa;
5. Eliminar provisóriamente as nossas emoções pessoais;
6. Não interromper o outro;
7. Eliminar juízos de valor;
8. Olhar com atenção para o outro;
 
Contudo, saber escutar implica saber ouvir o outro, ou seja, é importante reforçar a qualidade da comunicação e do empenho dos intervenientes da comunicação(os interessados). Quando exprimimos as nossas reações e reagimos ao comportamento dos outros, implica que devemos seguir determinadas regras eficazes para que a comunicação entre os dois interlocutores seja saudável e viável.
 
1. Temos de dizer o que sentimos e o que vemos, e não fazer juízos de valor;
2. Devemos ser específicos e não andar em «rodeios» utilizando teorias abstratas;
3.Devemos centrar a nossa resposta no comportamento da pessoa, evitando os juízos de valor sobre a mesma;
4. Devemos reforçar a auto-estima da pessoa valorizando-a;
5. Devemos evitar conselhos que podem levar à frustração;
6. Devemos ser oportunos na hora exata;
7. Devemos estar atentos ao que se diz ou aos que se faz;
8. Devemos ser construtivos no sentido de ajudar o outro;
9. Devemos saber parar e não continuar a reforçar uma ideia negativa;
10. Devemos evitar a ironia/sarcasmo;
11. No trabalho enquanto equipa devemos sempre pensar no «nós».
 
Sejamos uns para os outros. Devemos parar e escutar ou ser escutado, faz parte da essência de todo o ser humano. 
Vou citar um poema de Y. Blondel que retrata a nossa sociedade atualmente e , por vezes, do nosso comportamento em relação ao outro, e vice-versa.
 
«Eles e eu...Não é estranho?
 
Quando ele não acaba o seu trabalho, digo: é preguiçoso
Quando eu não acabo o meu trabalho, digo: estou muito ocupado
Quando ele fala de alguém é maledicência
Quando eu falo de alguém é critica construtiva
Quando ele mantém o seu ponto de vista é teimoso
Quando eu mantenho o meu ponto de vista sou firme
Quando ele não me fala é uma afronta
Quando eu não lhe falo é um simples esquecimento
Quando ele demora muito tempo a fazer qualquer coisa é lento
Quando eu demoro muito tempo a fazer qualquer coisa sou cuidadoso
Quando ele é amável é porque tem segundas intenções
Quando eu sou amável é porque sou virtuoso
Quando ele vê os dois aspetos de uma questão é um oportunista
Quando eu vejo os dois aspetos de uma questão tenho um espírito aberto
Quando ele é rápido a fazer qualquer coisa é descuidado
Quando eu sou rápido a fazer qualquer coisa sou hábil
Quando ele faz qualquer coisa sem lhe pedirem é um intrometido
Quando eu faço qualquer coisa sem que mo peçam tenho iniciativa
Quando ele defende os seus direitos é um egoísta
Quando eu defendo os meus direitos mostro que tenho caráter
Sim... é muito estranho!»
 
A nossa sociedade retratada num poema...o NÓS...e os OUTROS.

«Comportamento gera comportamento» - a importância do comportamento na nossa vida

17-09-2015 17:42
Nenhum ser é indiferente a outro, quando está em relação com ele.
 
A maneira com nós nos comportamos afeta a maneira como os outros se comportam. 
 
 
O nosso comportamento afeta sempre, positiva ou negativamente a relação que estabelecemos com os outros.
 
O ser humano deve ter a capacidade de se ajustar, em termos comportamentais,àqueles com quem se relaciona, isto porque, o mesmo comportamento pode não ser, do mesmo modo, eficaz para todo o género de pessoas com quem contactamos.
 
Se desejamos que as pessoas com quem nos relacionamos modifiquem o seu comportamento porque ele «nos afeta» e «prejudica a nossa relação com elas», temos de agir no sentido de modificarmos,nós próprios, o nosso comportamento, quando com elas nos confrontamos. 
 
As pessoas não se comportam do mesmo modo em todas as situações. Elas têm a capacidade de percepcionar a realidade e ajustar-se a ela, em termos comportamentais, de modo a facilitar e tornar positivas as relações interpessoais. 
 
Todos nós devemos estar atentos ao nosso comportamento e ao modo como comunicamos verbalmente e não verbalmente, porque isso influencia, intensa e significativamente, o modo como o outro se relaciona connosco. 
 
O comportamento não é algo com que se nasça, como a cor dos olhos ou a cor do cabelo. É algo que nós vamos adquirindo ao longo da nossa vivência e que podemos modificar e ajustar quando a situação o exige, sempre em função da excelência da comunicação e da relação interpessoal.
 
As pessoas devem ter a abertura suficiente para experimentarem novas formas de comportamento e de comunicação que permitam o seu ajustamento, cada vez mais eficaz, à relação com os outros.
 
O comportamento profissional, em particular, pode assemelhar-se a uma máscara, isto porque o sujeito dever ser exemplar na sua relação: simpático, aberto, atencioso, prestável e comunicativo mesmo que, em termos sentimentais e emocionais, devido a condicionalismos diversos da sua vida, tais comportamentos não correspondem ao seu estado atual.
 
Contudo, devemos ter em conta os princípios gerais do comportamento que podem influenciar a nossa vida pessoal e profissional:
 
1. Seja um bom ouvinte
2. Tente compreender as reações dos outros
3. Tente conhecer os outros
4. Não veja só os seus interesses
5. Aceite o sucesso dos outros
6. Conheça-se a si mesmo
7.Não tenha mudanças repentinas no seu comportamento
8. Não pense que é o rei de tudo e de todos
 
 
Resumidamente: «Agressividade gera Agressividade»
 
                          «Simpatia gera Simpatia»
 

O Papel do Educador Social

14-09-2015 18:12
O que é a Educação Social?
Quem é o Educador Social?
Qual o Papel do Educador Social?
 
Estas são algumas das perguntas que nos fazem quando somos chamadas a uma entrevista. 

 
A Educação Social segundo a Universidade de Santiago de Compostela, «é um amplo conjunto de iniciativas, experiências e práticas educativas que se contextualizam em diferentes realidades sociais (grupos, instituições, comunidades,etc), promove ações socioeducativas de natureza complexa e interdisciplinar. Em geral, pretende contribuir para o desenvolvimento integral das pessoas e da convivência social, enfrentando necessidades e problemas que surgem na vida quotidiana. Como prática pedagógica inscreve-se nas realidades sociais, com objetivos e critérios metodológicos próprios de um trabalho social refletivo, critico e construtivo, mediante processos educativos orientados à transformação das circunstancias que limitam a integração social das pessoas, uma melhoria significativa do bem estar coletivo e maior qualidade de vida. Como prática educativa multidimensional, articula-se em diferentes âmbitos e áreas de atuação, entre as que ocupam um lugar de preferenciais àquelas que se relacionam com a educação especializada, o tempo livre, animação sociocultural, a educação permanente e o desenvolvimento comunitário e a formação laboral».

 
A Educação Social é mais do que palavras, são seres humanos especializados a trabalhar para outros seres humanos com obstáculos sociais que necessitam de uma ponte ou de um caminho. É um projeto estruturado em constante mutação, com o objetivo de ajudar o individuo dentro de uma determinada comunidade, utilizando todos os meios disponíveis.

 
Normalmente, comparo a Educação Social com um bolo de casamento de três camadas distintas: a transformação, a integração e a ética. Todas estas camadas formam a Educação Social, a Identidade do Educador Social. 


 
Ora vejamos, o Educador Social é um nato transformador de projetos com o objetivo de promover a mudança. É integrador pois trabalha com uma equipa multidisciplinar, ou seja, um autentico mediador social. É ético pois vive de valores humanos, valores estes que farão parte da essência humana. 


 
O Educador Social é um Trabalhador Social dinâmico, que trabalha em parceria com uma equipa, visa o bem estar do outro. Se alguém pensa que o Educador Social consegue trabalhar sozinho, é totalmente errado. Se lidamos com seres humanos, com sentimentos, com angustias, nunca conseguimos trabalhar sozinhos...seria irracional, seriamos pedras perdidas no caminho...Somos feitos para amar e ajudar o outro...mesmo que seja um caminho muito doloroso...mas no fim deste caminho ter a sensação de que se fez algo e este algo mudou um individuo ou até mesmo uma comunidade, acreditem é maravilhoso. Este é o Educador Social - um trabalhador, um transformador, um integrador, um ético, um pedagogo, um mediador, um reflexivo. 


 
Quando alguém vós perguntar: O que é a Educação Social?, Quem é o Educador Social?, Qual o Papel do Educador Social? - respondem: O Educador Social é multidimensional da Educação e do Social, é um profissional de referência, é um ator, um educador, um mediador que visa a elaboração e a concretização de projetos de vida com o objetivo de integrar o ser humano.  

 

Educador Social - Escolher a própria trajetória

14-09-2015 18:12
Todos somos, pessoalmente, responsáveis por fazermos com que a nossa vida seja realizada, completa e de qualidade, dependendo sempre das nossas escolhas. 

 

 
Possuímos, por natureza, capacidades para elaborar um auto-conceito, de pensar sobre nós próprios, fabricar uma imagem sobre os nossos interesses, valores, capacidades, que orientam e guiam o nosso comportamento e que, por vezes, também nos bloqueiam no investimento que realizamos.

 

Por exemplo:
Maria (nome fictício) tímida tem sobre si própria uma imagem negativa das suas capacidades e potencialidades, e preocupa-se demasiado sobre o que os outros vão pensar dela; pensa, sobretudo, que a vão rejeitar, o que a leva a «desinvestir», com frequência, de uma relação de amizade, devido aos seus pensamentos demasiado negativos. Isto implica que a não experiência a vai colocar numa situação de arriscar, com medo da rejeição,o que provavelmente, pode nem chegar a acontecer.
 
Também, os outros podem influenciar «no que eu penso sobre mim mesmo».
 
Por exemplo: 
Dinis (nome fictício) é um aluno na fase final dos seus estudos, com grande vontade de terminar a sua formação. Contudo, possui pouca auto confiança nas suas capacidades. Tanto ele como os seus pais «pensam» que ele é um fracasso (mesmo que não o verbalizem). O seu pensamento contribui para um alto grau de ansiedade nos exames, portanto, tem mais probabilidades de insucesso. 
 
Em suma, os pensamentos negativos são ineficazes, sabotando, normalmente, a nossa realização e bem estar, quer pessoal quer profissional.
 
Se nos concentramos nas nossas verbalizações interiores, se  controlarmos a forma como pensamos, podemos lidar com maior facilidade com a angustia, a depressão, a fúria e o excessiva ansiedade. 
 
No fundo, somos donos de nós próprios, se pensarmos mais eficazmente e, consequentemente, investimos em situações que melhoram a nossa satisfação, optando menos frequentemente por formas pouco eficazes de pensar e agir.
 
Neste sentido, se o Educador Social for treinado ou ensinado a perceber a si próprio e a perceber os outros de forma concreta e cuidadosa, pode prevenir e evitar conflitos. Quando tal, não for possível, pode adotar estratégias de lidar os conflitos de uma forma construtiva. 
Assim sendo, o objetivo do Educador Social será, pois, o de adquirir «skills»(competências), para lidar com as dificuldades que são geradas, sobretudo, pelo pensamento crítico. O pensamento é uma parte integrante do ser humano, e para maximizar a realização e bem estar do outro, é necessário treinar e obter um repertório de «thinking skills» (competências de pensamento) - eis uma nova imagem do Educador Social. 

Educação em Cidadania - papel do Educador Social

14-09-2015 16:04
Com a evolução da sociedade, a ruptura familiar, a perda de valores fiz questão de escrever sobre a importância da cidadania, ou seja, educar para os valores.
 
O que é a Cidadania? 
Cidadania é o exercício dos direitos e deveres civis,políticos e sociais estabelecidos na constituição. Exercer a cidadania é ter consciência de seus direitos e obrigações e lutar para que sejam colocados em prática. Exercer a cidadania é estar em pleno gozo das disposições constitucionais. Preparar o cidadão para o exercício da cidadania é um dos objetivos da educação de um país.
Contudo, tudo isto é uma ilusão, visto que, não conseguimos ultrapassar a ligação indivíduo/comunidade, a construção dos sistemas/regimes políticos e a incapacidade de aceitar o outro nos direitos/deveres. A falta de garantia dos direitos de cidadania(políticos, sociais e económicos), implica uma nova abordagem à construção da própria cidadania. O aumento ou a diminuição das desigualdades e das anulações diversas(éticas), passa pela solidariedade, pela responsabilidade de construir um projeto direccionado para a Cidadania. 
Temos de recuar um pouco - Revolução Francesa - que veio mostrar uma nova imagem dos direitos humanos, tendo como pilares fundamentais: Liberdade, Igualdade e Fraternidade. Hoje, continuamos a tentar trabalhar para estes três pilares para uma convivência saudável entre indivíduo/comunidade. 
O exercício da cidadania está implícito em 5 pontos fundamentais:
 
  1. Direitos e garantias: direitos e garantias pessoais; direitos, liberdades e garantias de participação politica; direitos económicos, sociais e culturais; direitos e deveres económicos; direitos e deveres sociais (segurança social e solidariedade, saúde, habitação e urbanismo, ambiente e qualidade de vida, família, paternidade e maternidade, infância, juventude, cidadãos portadores de deficiência e terceira idade); direitos e deveres culturais.
  2. Organização politica e administrativa (presidente da republica, assembleia da republica, governo, tribunais, organização administrativa do poder).
  3. Organizações e organismos internacionais (União Europeia, direitos à construção de uma cidadania europeia, Organização das Nações Unidas).
  4. Deveres da cidadania: contributos para a construção de uma cidadania responsável(não efectivação dos direitos e garantias às desigualdades e desfavorecimento social, exclusão social, da exclusão às discriminações - as minorias étnicas e as mulheres, deveres da cidadania).
  5. Cidadania no espaço escola criando Área de projeto, Estudo Acompanhado e Formação Cívica: participação institucional dos alunos na vida da escola, assembleia de escola, conselho executivo, conselho pedagógico, conselho administrativo, delegado e subdelegado de turma e associação de estudantes. 
A cidadania pode ser dividida em duas categorias: cidadania formal e substantiva. A cidadania formal é referente à nacionalidade de um indivíduo e ao fato de pertencer a uma determinada nação. A cidadania substantiva é de um caráter mais amplo, estando relacionada com direitos sociais, políticos e civis.
A educação para uma cidadania sã reside em ter consciência no respeito por si e pelo outro, partindo da aquisição de competências sociais, aqui surge a Educação Social. 
A Educação Social assenta-se em 4 pilares importantes: 
  1. Aprender a conhecer que significa dominar os instrumentos do conhecimento, o desenvolvimento do desejo e das capacidades de aprender a aprender. O desenvolvimento de habilidades cognitivas e a compreensão do mundo que o cerca.
  2. Aprender a fazer que significa conhecer e fazer. Aprender a fazer implica no desenvolvimento de competências que envolvem experiências sociais e de trabalho diversas que possibilitem às pessoas enfrentar, de forma mais autêntica, às diversas situações e a um melhor desempenho no trabalho em grupo.
  3. Aprender a viver juntos, desenvolvendo a compreensão do outro e a percepção das interdependências, no sentido de realizar projetos comuns e preparar-se para gerir conflitos.
  4. Aprender a ser que significa que a educação deve contribuir para o desenvolvimento total da pessoa, isto é, espírito e corpo, inteligência, sensibilidade, sentido estético, responsabilidade pessoal, espiritualidade possibilitando ao mesmo, um potencial significativo que permita-lhe um pensamento reflexivo e crítico. Neste pilar,cabe à educação, conferir a todos os seres humanos a liberdade de pensamento e discernimento para que os mesmos sejam capazes de construir a sua própria história com bastante dignidade.
Se a Educação Social, ou melhor, o Educador Social partir destes 4 pilares consegue elaborar projectos para o individuo/comunidade direccionados para a Educação de uma Cidadania saudável, reforçando as competências sociais e de cidadania, educar para a saúde e para a bioética, por fim, educar para um ambiente melhor(educação ambiental). 
A motivação será, sem dúvida, um dos melhores desafios, pois os projetos deveriam e devem estar direccionados para a comunidade escolar. 
 As entidades educativas deviam solicitar um educador social para que este faça a «ponte» entre alunos/professores/comunidade permitindo um enriquecimento e desenvolvimento de competências adicionais. 
Acredito se a comunidade escolar se unir conseguiremos que o respeito por si e pelo outro caminhem de «mãos dadas» para um futuro melhor. 

Maus Tratos Infantis - uma Reflexão

13-09-2015 19:41

Os maus tratos infantis existiram desde a Antiguidade em todo o mundo. Abusar de uma criança é uma realidade desde que existe a raça humana.

Nos povos antigos, os primogénitos eram espiões e sacrificados, vejamos na bíblia Abraão e Saul que tentaram sacrificar os seus filhos em nome de Deus. 

 

Na Grécia e Roma o infanticídio foi um modo de eliminar os recém-nascidos com algumas deformações, o abuso infantil era consentido e muitas crianças foram usadas para que os seus pais mostrassem a devoção aos deuses. 

 

Na Idade Média o termo “criança abandonada” não existia, elas eram conhecidas como “enjeitadas” ou “expostas”.

Naquela época a Europa havia passado por diversos períodos de fome, pobreza e à Peste Negra. Tais fatores levaram a população a abandonar seus filhos nas ruas e a cometer infanticídios. Esse estado de calamidade forçou a Igreja e as monarquias a criarem práticas de assistências às crianças expostas. 

No Séc.XIX, a proteção dos menores aumentava, os pais ou até mesmo os tutores que tentavam «cobrir» as violências físicas fez com que os maus tratos fossem estudados, formando medidas legislativas em favor das crianças vitimas contra os agressores.

No Séc. XX, surgem novos conceitos: criança maltratada ou criança abusada, isto implicava que a criança não era só vitima de maus tratos físicos, mas também maus tratos emocionais, eram abandonadas, com défice nutricional ou abuso sexual. Contudo, reforçou-se a ideia que os maus tratos não eram só realizados no ambiente familiar, como também em instituições ou pela própria sociedade. 

Os maus tratos em crianças e jovens constituem um grave e sensível problema social, de enorme obscuridade. Isto resulta de dois pontos importantes: 

1. Fatores culturais e socioeconómicos

2. Precariedade socioeconómicos, alcoolismo, toxicodependência, baixa formação escolar, desemprego e depressão/esgotamento e divórcio.

Hoje os maus tratos podem ser negligência, maus tratos físicos, abuso sexual e abuso emocional. Falaremos então dos vários tipos de maus tratos de forma simples. 

1. Mau trato intra-uterino(a mulher magoa de forma intencional o feto com a finalidade de interromper a gestação) e negligência intra-uterina(refere-se má alimentação, consumo de álcool, consumo de tabaco, consumo de medicamentos e o consumo de drogas).

2. Mau trato físico: síndroma da criança espancada (feitas a crianças muito pequeninas, onde as lesões não sendo graves são encobertas pelos agressores, servindo-se de todos os tipos de «ferramentas» para causar essas lesões). Fontana descreve esses mecanismos e instrumentos utilizados pelos agressores (1979,p. 43): "Os pais esmurram, flagelam, batem, esfolam, espancam, estrangulam, batem no estômago, asfixiam com panos e com malaguetas muito picantes, envenenam, abrem-lhes a cabeça, fazem-lhes golpes, rasgam-lhes o corpo, queimam-nos com vapor, azeite ou água a ferver.Utilizam punhos, fivelas de cinto, correias, escovas de cabelo, fios eléctricos, paus de baseball, réguas, sapatos, botas, correntes de bicicleta, atiçadores, facas, tesouras, produtos químicos, cigarros acesso, água a ferver, aquecedores de vapor e chama de gás."

São estes tipos de comportamentos que devemos denunciar e que infelizmente são muito frequentes, não esquecendo que existem pais que utilizam toalhas molhadas e rolos de jornais para agredir as crianças. 

3. Mau trato: Infanticídio. Este é o extremo do mau trato. São maus tratos físicos constantes a recém nascidos. Por outras palavras, é o homicídio cometido a uma criança. 

Nestes 3 tipos de maus tratos as crianças são diagnosticadas as seguintes lesões: Equimoses (pisaduras/hematomas), feridas/arranhões, queimaduras, alopecia (puxões de cabelo brutais e repetidos, que originam hematomas), fraturas das extremidades, lesões raquídeas (alteração na curva na coluna vertebral provocadas por pancadas com um pau, uma barra de ferro ou um bastão) e fraturas de costelas. 

4. Mau trato alimentar - desnutrição, desidratação e envenenamento.

5. Abandono e mendicidade (exploração do menor com coação física e com negligência na alimentação e higiene pessoal).

6. Mau trato emocional - é um dos maus tratos difíceis de diagnosticar comparativamente com os maus tratos físicos. É natural que muitas destas crianças nem apareçam nas urgências, pois o diagnóstico seria de mau feitio, delinquência, hiperatividade ou «uma fase que estão a passar». Contudo, este tipo de mau trato vai marcar de forma negativa o crescimento da criança quando é repudiada, aterrorizada, castigada, insultada e acaba por viver os problemas que a família apresenta. Podemos salientar que a alteração do comportamento da criança devido ao mau trato emocional podemos destacar as constantes mudanças e trocas de escolas, indiferença fria por parte dos progenitores, ausência de regras, excesso de disciplina ou a falta dela, incapacidade de reconhecimento da criança como ser humanos revestido de direitos ou até mesmo de não aceitar como criança, surgindo o incesto, insultos verbais com uma linguagem extremamente forte e agressiva. 

7. Abuso sexual. Traduz-se pelo envolvimento do menor em práticas no seu estado de desenvolvimento que visam a gratificação e a satisfação sexual do adulto ou jovem numa posição de poder ou de autoridade sobre aquele. Saliento sinais e sintomas que denunciam a existência de abuso sexual:

 
  • mudança do comportamento na escola;
  • diminuição do rendimento escolar;
  • insegurança extrema;
  • recusa ou medo de ficar com um adulto, ou sozinho com ele;
  • medo de algumas pessoas ou lugares;
  • perturbações do sono;
  • depressão, ansiedade, fobias;
  • afastamento ou indiferença;
  • auto-mutilação;
  • fuga;
  • masturbação excessiva, inquietação sexual com outras crianças;
  • irritação na vagina ou no ânus.

Contudo, o abuso sexual pode ser visto como:

 

 
  • Incesto (pai-filha(o); mãe-filho(a);irmão-irmã);
  • Abuso sexual fora da família: Pedofilia e Violação;
  • Prostituição e Pornografia infantil.

8. Negligência na segurança. Destacamos alguns tipos de acidentes:

  •  quedas;
  • asfixias;
  • queimaduras;
  • armas de fogo;
  • intoxicações;
  • acidentes de trânsito;
  • zangas domésticas;
  • negligência do cuidado médico(existem pais que recusam transfusões de sangue, intervenções cirúrgicas ou injecções para salvar a vida dos filhos, por motivos religiosos).
 

 

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31-08-2015 18:13

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